Quanto a nossa sociedade perde devido à desigualdade de gênero?

Jul 22, 2019 | Eu sou a MAPFRE, Protagonistas

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TEXTO JAIME SOLÍS | FOTOGRAFIAS MAPFRE

“As empresas não só devem gerar riqueza exclusivamente material, mas também riqueza ética e, acima de tudo, humana. A MAPFRE trabalha com esse objetivo em cerca de 50 países, porque também somos uma empresa comprometida em gerar rentabilidade social”. Assim pode ser resumido o discurso do presidente da MAPFRE, Antonio Huertas, durante o ‘Encuentro Empresarial Iberoamericano’, realizado em Antígua, na Guatemala, no último mês de novembro.

Essa frase também inclui o compromisso da MAPFRE, como ator social corporativo, com os dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas. E ele explicou o trabalho da empresa especialmente em torno de nove destes objetivos, com os quais mais pode contribuir, sendo eles o fim da pobreza, a saúde, a educação de qualidade, o trabalho decente, as ações pelo clima e a igualdade de gênero, entre outros.

O compromisso da MAPFRE em relação a este último, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, como elemento que agrega valor à empresa e enriquece significativamente o desempenho de sua força de trabalho, vai além das palavras. Isso se refletiu em fatos, como o cumprimento do objetivo que a empresa estabeleceu três anos atrás, a nível global, de contar com 40% de mulheres em cargos de responsabilidade. E em novos compromissos, como possuir 45% dos cargos de responsabilidade ocupados por mulheres no próximo triênio, como anunciado publicamente por Antonio Huertas durante a Assembleia Geral de Acionistas em março passado.

Este compromisso com a diversidade e a igualdade de oportunidades não se limitou apenas à atividade interna da empresa. Também foi projetado para fora, com a incorporação, juntamente com uma dúzia de grandes empresas, à ClosinGap, uma iniciativa cujo objetivo principal é analisar os impactos econômicos e sociais decorrentes da desigualdade entre homens e mulheres em diferentes âmbitos da vida pessoal e profissional.

Há quase um ano, onze grandes empresas —Merck, MAPFRE, Mahou-San Miguel-Solán de Cabras, BMW Group, Repsol, Meliá Hotels, Vodafone, L’Oréal, Inditex, Bankia e PwC— trabalham juntas para identificar essas desigualdades e torná-las visíveis para a sociedade, como um passo prévio essencial para propor medidas que permitam o progresso em direção à eliminação da mesma.

Este projeto é dirigido ao mais alto nível pelos CEOs das empresas que compõem a ClosinGap, que se reúnem periodicamente no Board do qual Antonio Huertas é membro. Este órgão conta com o apoio do Comitê Executivo, que se reúne mensalmente e no qual participam representantes das áreas de Relações Externas e Recursos Humanos das diferentes empresas, principalmente. Finalmente, nos últimos meses, foram formados grupos de trabalho específicos na área de RH e Comunicação, com o objetivo de compartilhar as melhores práticas e tentar aumentar o conhecimento público dessa iniciativa.

Em menos de doze meses, a ClosinGap desenvolveu uma atividade frenética.Das mãos da KREAB e da Analistas Financeiros Internacionais (AFI), quatro das empresas que fazem parte deste cluster—Merck, Repsol, MAPFRE e Mahou San Miguel-Solán de Cabras— já publicaram relatórios de grande interesse, que mostraram o quanto a nossa sociedade perde, em termos não somente sociais, mas também econômicos, devido à distribuição desigual de oportunidades entre homens e mulheres em áreas como a da saúde, conciliação, aposentadorias ou lazer.

Com estes relatórios, comprovamos que as desigualdades são contraproducentes e antieconômicas para a sociedade

A ClosinGap publicará novos relatórios sobre as desigualdades de gênero em áreas como a da mobilidade, turismo, educação, consumo, ambiente digital, emprego e meio rural

Enquanto não se comemora um ano desde a apresentação desta iniciativa para a sociedade, podemos dizer que a ClosinGap está apenas começando. Nos próximos meses, publicará novos relatórios sobre as desigualdades de gênero em áreas como a da mobilidade (BMW Group), turismo (Meliá), educação (Inditex), consumo (L’Oréal), ambiente digital (Vodafone), empregos (PwC) ou o meio rural (Bankia).

Da mesma forma, em seu objetivo de influenciar a sociedade, continuará realizando reuniões com seus principais ‘stakeholders’ (legisladores, governos, formadores de opinião, …) e propondo medidas para reduzir e até mesmo eliminar as desigualdades que estão sendo identificadas, em primeiro lugar porque a desigualdade entre homens e mulheres é inaceitável em pleno século XXI; e, em segundo lugar, porque através desses relatórios, estamos verificando que essas desigualdades são um elemento contraproducente e antieconômico para nossa sociedade.

Relatório sobre a desigualdade de gênero nas aposentadorias

Na apresentação do relatório sobre o déficit previdenciário, participaram Antonio Huertas, presidente da MAPFRE; Eva Piera, diretora geral de Relações Externas do Grupo MAPFRE; Juan Fernández Palacios, CEO da MAPFRE VIDA; Marieta Jiménez, presidente e diretora geral da Merck na Espanha e presidente da ClosinGap; e José Antonio Herce, diretor associado da AFI.

O relatório sobre a desigualdade de gênero nas aposentadorias, apresentado pela MAPFRE em abril, põe o preto no branco não apenas sobre as causas dessa desigualdade — muitas delas conhecidas, como a desigualdade no acesso ao emprego ou a descontinuidade de carreiras profissionais derivadas da maternidade — mas também, e aí reside o seu caráter diferencial, o enorme custo de oportunidade que essa desigualdade gera.

Entre suas principais conclusões, vale destacar que o impacto econômico da desigualdade de gênero nas aposentadorias na Espanha ultrapassou os 26 bilhões de euros em 2018, o equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto. Este valor corresponde ao Valor Acrescentado Bruto (VAB) derivado de uma redução na capacidade de consumo das mulheres pensionistas, que recebem aposentadorias mais baixas do que a dos homens. Isso implica uma menor arrecadação de impostos — 2,4 bilhões de euros a menos em imposto de renda e uma redução de outros 2,9 bilhões na arrecadação do IVA — o que, em termos de empregabilidade, significaria deixar de criar 414.600 postos de trabalho.

Outra constatação do relatório é o fato de que o sistema público previdenciário gasta 24,5 bilhões a menos em aposentadorias para mulheres do que para homens, apesar de as mulheres representarem 48,4% do total de aposentados (4,2 milhões) e receberem 51,6% das pensões. Uma diferença que é explicada, entre outras razões, pelo montante médio da pensão pública de uma mulher, que é de 422 euros a menos do que a dos homens, 450 euros a menos no caso das pensões por aposentadoria. Entre os determinantes para essa diferença, o relatório destaca a carreira das mulheres, que é cortada não apenas pela maternidade e pelos cuidados com a criança, que costuma recair sobre a mulher; mas também porque as mulheres sofrem mais com o desemprego de longa duração do que os homens. O relatório estima que, devido a esses fatores, as aposentadorias das mulheres são reduzidas entre 10% e 18%, dependendo da qualificação e do número de filhos.

Finalmente, o estudo da ClosinGap destaca que o impacto dessa desigualdade nas pensões é agravado pela maior longevidade média das mulheres, que vivem mais do que os homens, mas em pior estado de saúde, e devem enfrentar os anos em que têm uma maior dependência com rendas mais baixas que os homens. Um custo, o da dependência, que aumenta progressivamente de 5.000 euros por ano — quando a pessoa está entre os 65 e os 69 anos de idade — para quase 20.000 euros quando se tem mais de 80 anos e para as mulheres com mais de 85 anos representa 2,4 vezes o valor médio de sua pensão pública por aposentadoria, enquanto nos homens dificilmente supera 1,4 vezes. Estes dados levaram Antonio Huertas a afirmar durante a apresentação do relatório que “todas as desigualdades de gênero são inaceitáveis, mas a das pensões é especialmente prejudicial para as mulheres, porque as suas necessidades de longevidade e cuidados de saúde são ainda maiores”, bem como instar a acelerar a redução dessa desigualdade, “pela justiça individual e por uma necessidade coletiva derivada de seu impacto na economia”.

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